quinta-feira, 28 de maio de 2009

Como são os Casamentos arranjados?


"Desde a independência da Índia, em 1947, o número de pessoas que lutam pela extinção dessa prática tem aumentado, mas ainda é muito comum, em especial em vilas. Sem nenhuma relação com o desejo do futuro casal, o casamento arranjado procura atender os interesses das famílias envolvidas. Em muitos uma mulher pode ser obrigada a casar quando ainda criança, pois a sua saída de casa representa menos gastos para a sua família. Fatores econômicos e sociais são preponderantes na escolha do noivo ou noiva.

No outro lado da história, o casamento arranjado é uma prática que dá a família uma segurança de que sua filha terá alguém para apoiá-la. Ele representa uma estabilidade social e econômica.  

Um fato curioso é que os casamentos arranjados têm mais chances de sucesso na Índia do que os por escolha dos cônjuges. O motivo é que neles as famílias dão suporte aos noivos que, em muitos casos, acabam por se apaixonar. Nesse sentido, o casamento se torna mais importante para marido e esposa que a união deles seja duradoura.

Comumente antes do acordo ser fechado, futuro noivo e noiva se encontram e podem optar por não querer aquela pessoa.

Um último ponto importante para entender o casamento arranjado é que na Índia homens e mulheres que não se conhecem não têm liberdade para conversar em lugares públicos. Em grandes cidades, entre grupos sociais com mais influências do Ocidente, o cenário é diferente, mas mesmo assim é muito mais difícil conhecer alguém fora do seu circular familiar e social." 

Extrato do livro "A  Índia que eu vi", que será lançado pela Editora Leitura (www.editoraleitura.com.br) no final de junho


Casamento indiano em Tâmil Nadu, no sul do país; as festas duram três dias. 


Os indianos


A primeira vez que eu visitei a Índia foi em 1998, onde trabalhei numa vila no interior de Tâmil Nadu. Fui acolhida por famílias que, apesar de poucos recursos financeiros, me trataram como se eu fosse um deles, tinham uma infinita generosidade e amor. Desde então fiquei apaixonada pelas pessoas, pela cultura complexa que ainda estou descobrindo e continua me fascinando. E fiquei viciada pela comida!

Susannah Pritchard.

Abaixo algumas fotos de pessoas da vila em que morei. 








 









Caminho das Índias - Polêmica dos Dálitis


A novela Caminho das Índias tem gerado muitas polêmicas. Indianos residentes no Brasil reclamam que a autora, Glória Perez, tem uma visão esteriotipada, atrasada e distante da realidade do país. 
A maior das polêmicas diz respeito aos dálitis (ou intocáveis, os párias, pessoas que não possuem casta, sendo os últimos na hierarquia social). Susannah (que morou na India por quase 2 anos) e eu, que morei no Sri Lanka e tive a oportunidade de ir para a Índia, vimos de perto a realidade, e de fato ela não é exatamente como se apresenta na novela.
Como está no nosso livro "A  Índia que eu vi" (e se você gosta de temas relacionados com a India, sugiro que de uma olhada no livro, que será lançado pela Editora Leitura www.editoraleitura.com.br no final de junho),  o governo tem tomado algumas atitudes que visam compensar esses problemas. Uma delas é a criação de cotas na universidade para pessoas de castas baixas ou sem castas.

            Apesar de esforços serem feitos para quebrar os estereótipos, eles ainda são em muitas partes os últimos na escala social e são vistos com desprezo pelos mais conservadores.

Antigamente, como o nome salienta, pessoas de outras castas nem mesmo os tocavam. Mesmo com muitas dificuldades, os dálitis começam a conquistar os seus direitos. A situação não é mais como antes em que eles não podiam entrar em templos. Uma prova de como a situação dos dálitis mudou bastante é a de que Kocheril Raman Narayanan, um dáliti, foi presidente da Índia.

A situação é realmente difícil, existe preoconceito, mas o retrato apresentado na novela pertence ao passado, as manifestações e o comportamento dos personagens é no mínimo exagerado.